Escolas em terreno do Itaim Bibi podem ir para o Parque do Povo

Os vereadores autorizaram a Prefeitura de São Paulo a remover oito equipamentos sociais de um terreno no bairro Itaim Bibi, na zona sul de SP, para dentro do Parque do Povo, a poucos metros dali. A proposta foi incluída no projeto de lei para permitir a venda do quarteirão de 20 mil metros quadrados em troca de creches. O Parque do Povo, porém, é tombado pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e qualquer modificação precisará do aval do órgão.

Entre os equipamentos que hoje funcionam no terreno estão duas escolas, uma creche, um pronto-socorro, um teatro e uma sede da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). O projeto substitutivo do vereador Cláudio Fonseca (PPS) foi aprovado ontem em segunda discussão com o apoio de 39 dos 55 vereadores.

A reportagem apurou que foi o próprio governo quem sugeriu as mudanças dos equipamentos para o Parque do Povo, reaberto em 2008. Agora, tanto as mudanças no Parque do Povo quanto a venda do terreno precisam de autorização do Condephaat – o quarteirão está em processo de tombamento desde maio.

“O modelo escola-parque não é novo na cidade, é dos anos 1950. Já tem unidades educacionais hoje dentro de parques na Mooca e no Butantã. A mudança garante a existência física dessas estruturas em um local a 500 metros do terreno que será vendido”, argumentou Fonseca, que é presidente do Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino. “O projeto é bom porque tem o objetivo de suprir uma carência de mais de 100 mil crianças que esperam por vagas nas creches”, acrescentou.

A oposição dos moradores à proposta, que tinham um abaixo-assinado com 12 mil assinaturas contrárias à venda, não comoveu a base governista. Só o vereador Eliseu Gabriel (PSB), que costuma votar favorável aos projetos do prefeito, resolveu se posicionar contra. “Só o fato desse projeto ter sido colocado na pauta já é uma vergonha. Temos um polo cultural dentro do terreno que agora a Prefeitura quer vender. Não é uma área ociosa”, criticou. “É a dignidade dos vereadores que está em jogo nessa votação”, emendou Aurelio Miguel (PR).

Absurdo. Para o coordenador-geral do movimento SOS Itaim, Helcias Bernardo de Pádua, a proposta é um absurdo. “O Parque do Povo é o único equipamento público de lazer da região. Agora não vamos lutar apenas para preservar o quarteirão, mas também para salvar o parque”, afirmou. O grupo vai começar neste domingo a coletar assinaturas contra a transferência, na entrada do local. Além disso, um grupo de quatro advogados já se reuniu ontem à noite para traçar a estratégia legal que o movimento vai seguir.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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