Itaim Bibi cobra mais policiamento

Protesto contra a falta de segurança no bairro do Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, levou cerca de 300 moradores ao Parque do Povo na manhã deste domingo, 18. Os manifestantes, que divulgaram o ato pelo site de relacionamento Facebook e por folhetos entregues nos prédios, fizeram panelaço, levaram faixas com pedidos de mais policiamento e soltaram balões brancos para simbolizar a paz.

Apesar de existirem várias queixas relacionadas à segurança no próprio Parque do Povo, uma das organizadoras da ação, a moradora Patrícia Levites, esclarece que o movimento não se refere apenas a essa área, mas ao bairro todo. E a ideia é expandir a iniciativa para outras regiões. “Temos laços com moradores da zona norte de SP, do Morumbi e de Pinheiros. Os moradores do Itaim querem abrir um diálogo. Se cada bairro fizer a mesma coisa, podemos juntar as forças para fazer uma aliança a favor da segurança.” O movimento foi chamado de “1.º Panelaço do Itaim”.

O grupo chegou a ocupar a Avenida Cidade Jardim, no sentido centro, por alguns minutos e seguiu em passeata por ruas próximas ao parque. Mas o ato não teve grande reflexo no trânsito.

Quase todos os presentes tinham alguma história de violência para contar. A impressão dos moradores é que não existe mais lugar seguro. Muitos citaram o aumento dos arrastões em restaurantes e a maior frequência de assaltos em plena luz do dia. A enfermeira Fernanda Papa de Campos, de 43 anos, uma das divulgadoras do protesto, por exemplo, conta ter sido assaltada quatro vezes, ocasiões em que teve celulares e relógios roubados. “Não é pelo bem material, mas pela sensação de impotência e impunidade que fica. O que sempre ouvimos é que as pessoas não fazem boletim de ocorrência. Mas ninguém quer passar sete horas dentro de uma delegacia e ainda ser maltratado depois de uma situação dessas.”

A arquiteta Mira Harari, de 59 anos, viu a notícia sobre a manifestação no jornal e resolveu comparecer. Ela conta que costuma levar os netos para passear no Parque do Povo, mas que se sente insegura durante a semana, quando o local fica mais vazio. Para ela, apesar de o parque preencher uma necessidade do bairro como local de lazer e esporte, os moradores têm medo dos assaltos.

Moradores relatam que é frequente o roubo de mochilas de pessoas que vão ao parque fazer treinamento de corrida. Os bandidos abordam o treinador, que fica cuidando dos pertences dos alunos, pegam as bolsas e saem correndo. Comparsas ficam do lado de fora esperando que os objetos sejam jogados sobre a grade para fugirem com os pertences.

Os organizadores esperavam mais manifestantes. Na página do evento no Facebook, mais de mil pessoas tinham confirmado presença. Para a enfermeira Fernanda, a população tende a só se manifestar quando a família ou os amigos viram vítimas da violência. “Tem de mobilizar mais e lutar pelo direito à segurança. Temos medo de virar estatística. Hoje, quando o filho sai de casa, não sabemos se ele vai voltar”, afirma Fernanda.

Fonte: Jornal da Tarde

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