A gestão do prefeito Gilberto Kassab (sem partido) vai reinaugurar na sexta-feira, com um show musical, o teatro que propõe demolir daqui a alguns meses, no quarteirão posto à venda no bairro Itaim Bibi, zona sul de São Paulo.
Desativado há dois anos e sete meses, o Teatro Décio de Almeida Prado é um dos oito equipamentos públicos abrigados no quarteirão de 20 mil metros quadrados localizado em um dos bairros mais valorizados da cidade. A Prefeitura aprovou a alienação (transferência de bens) da área à iniciativa privada em troca da construção de creches públicas na periferia.
O projeto é contestado no Ministério Público e sofre resistência de moradores do bairro. Um pedido de tombamento da área tramita no Condephaat, órgão de preservação do patrimônio histórico do Estado.
O Grupo de Memórias do Itaim-Bibi promete aproveitar a reabertura do teatro para organizar uma manifestação contra a venda do quarteirão. Para as 19h da sexta, está programada a apresentação da cantora Graziela Medori. Na reabertura do teatro, a Secretaria Municipal de Cultura fechou uma programação de shows gratuitos até o fim de agosto, sempre às sextas, sábados e domingos. “É um teatro que já devia ter sido aberto há muito tempo”, afirma o professor Helcias Bernardo de Pádua, um dos porta-vozes dos moradores.
Reforma. A reabertura do teatro distrital do Itaim Bibi, de fato, atrasou. O plano inicial da secretaria era reabri-lo em 2009, mas a primeira reforma terminou em problemas estruturais. Na segunda reforma, foram gastos R$ 367 mil – os valores da intervenção anterior não foram informados ontem pela pasta.
Segundo a gestão Kassab, a reabertura do teatro faz parte da política de investir na requalificação dos equipamentos públicos e a transferência da área, ainda sem data, “é uma decisão de governo, respaldada pela Câmara”, que a secretaria “acatou ao propor que esse patrimônio cultural fosse multiplicado” ao se deslocar para a periferia.
No quarteirão, além do teatro, funcionam três escolas, um posto de saúde, um Centros de Atenção Psicossocial (Caps), uma biblioteca e uma Apae. Segundo a Prefeitura, só parte desses equipamentos seria reconstruída em uma área reduzida de até 25% do quarteirão. O resto iria para a iniciativa privada.
Fonte: O Estado de S. Paulo