Histórias de Moradores do Itaim Bibi

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores do bairro.

História da Associação Grupo Memórias do Itaim Bibi-Helcias Pádua
Local: São Paulo
Publicado em: 21/07/2007

O cantor e a tecelão - AGMIB - Itaim Bibi

Sinopse:

De longe eu o avistava lá no alto de um andaime todo de madeira. Sempre cantando, treinando, ensaiando. Rotineiramente assentando tijolos. Rapidamente levantando as paredes das primeiras melhores casas e sobrados do Itaim Bibi. Eu o chamava de tio Milton. Voz forte, grave, marcante. Profissional de programas de calouro. Pedreiro. Aos sábados ou aos domingos, vespertinamente ou em certas noites, ouvia-se no rádio o nosso parente.

Era, por assim dizer, um primo do meu pai, ramo da família sorocabana. A mais forte torcida era da tia Gula, a Urgulina, irmã do meu pai, encostando bem o ouvido no radio com móvel de madeira. Torcia pelo parente. Queria que seu primo levasse o maior prêmio daquele programa de calouro. Quando o Milton ganhava, ela soltava uma boa gargalhada e mostrando os amarelados dentes de um canto a outro da boca, saía em passos rápidos da nossa térrea casa, na época com quintal de terra, algumas pequenas árvores e a casinha de madeira do Peri, cachorro de pelo branco encardido e companheiro da pretinha galinha de angola.

Os dois animais dormiam no mesmo local, amigavelmente.Depois, quase que correndo, descia a pequena inclinação da travessa do Porto, atual rua Luís Dias, indo além da travessa da Ponte, atual Macurapé. Gritando e saudando a todos, entrava em uma das três casinhas de aluguel, local aonde residia outra parte dos nossos mais chegados parentes. Era a casa do Milton, do nosso cantor, do profissional da colher de pedreiro e forte espiritualista. As casinhas germinadas não tinham (ainda estão lá) mais que três ou cinco metros de frente cada uma e a do meio com a menor metragem frontal. Eram de uma sala, um ou dois quartos e a cozinha. O banheiro logo na saída para o terreno. Tudo de metragem restrita. O quintal era de terra e de razoável tamanho permitindo ter-se em uma delas um outro quartinho nos fundos. Essas casas pertenciam e ainda pertencem à família da Dona Conchetta, resistindo bravamente às especulações.

Escrevendo o texto parece-me ouvir ao longe a voz firme do cantor, o tio Milton. Ao mesmo tempo sinto um cheiro de pó de tijolo, do cimento, da cal virgem, da massa corrida. Ou seria reboco? Na seqüência me vêm à mente a figura baixa e o som daquela gostosa gargalhada da tia Gula. Sempre mascando fumo de corda e, de quando em quando, dando uma boa e enorme cusparada. Excelente tecelã da fábrica de tecidos Calfat, lá da avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Que saudades desses meus parentes, os verdadeiros construtores, tecendo essa grande São Paulo. Dignos representantes da negritude itahyense.


História do Morador: Helcias Bernardo de Pádua
Local: São Paulo
Publicado em: 19/04/2010
Rua Iguatemi – Itaim Bibi (Casa Bandeirista)

História:

Rua Iguatemi – Itaim Bibi (Casa Bandeirista) 21/12/2009 - 12:42:01 | HELCIAS PADUA Importante rua no bairro do Itaim Bibi que sofreu encurtamento quando da formação da Avenida Brig. Faria Lima. Anteriormente chegava ao bairro de Pinheiros. Atualmente vai do término da Rua Joaquim Floriano até atravessar a Rua Jerônimo da Veiga, formando a Praça Luis Carlos Paraná ao se encontrar com a (nova) Av. Brig. Faria Lima.

A palavra IGUATEMI tem origem tupi, significando "buraco ou local de água muito verde"; do tupi ’guá’timbi, de yguá, "lagoa", "enseada" + temi, "esverdeada", "lago ou lagoa verde); também significa “rio ondulante” e, é nome de município e de um rio no estado de Mato Grosso do Sul/Br. Sua denominação lembra a existência de uma antiga lagoa (entre outras) com água bem esverdeada formada pelo extravasamento do então córrego Iguatemi, cujo leito original se encontra canalizado, constituindo parte das avenidas Nove de Julho e Cidade Jardim.

O córrego vinha da região do Morro do Caagaçu, atual Avenida Paulista e que no Itaim Bibi era o ultimo afluente do córrego do Sapateiro, este que desembocava no Rio Pinheiros. Na primeira quadra dessa rua entre a Rua Joaquim Floriano e Rua Aspásia, esta sendo restaurada (desde 2008 e 2009) a CASA BANDEIRISTA do Itaim, no terreno que serviu ao aldeamento de índios da tribo do cacique Caiuby, irmão do cacique Tibiriçá, quando da formação do Sitio dos Pinheiros (1560), pelos padres jesuítas.

O local (vasto terreno) bastante estratégico e um pouco mais elevado, por se encontrar na margem direita do então rio Jurubatuba (Gerivativa), - chamado pelos jesuítas de Rio dos Pinheiros -, e passagem das trilhas e caminhos, por exemplo: - o “caminho para o Sitio de Sto. Amaro", atual Avenida Sto Amaro; - de uma outra trilha "trilha dos Aliados", atual Rua Leopoldo Couto de Magalhães Junior, (ex Rua do Porto), paralela ao córrego ou ribeirão das Pedras, o atualmente canalizado córrego do Sapateiro, (Av. Pres. Juscelino Kubitschek); - de um outro caminho ou trilha, continuação do “caminho do Luis Antonio (atual Avenida Brigadeiro Luis Antonio), que terminava na porteira do Sitio ou Chácara do Itai, (Pça Dom Gastão Liberal Pinto)”.

Existiu uma outra trilha vinda desde o Sitio de Sto. Amaro, passando pelo Sitio Itai, o dos Pinheiros e chegando ao Sitio do Emboaçava, (Lapa), usada pelos aventureiros, exploradores e tropeiros, no decorrer dos séculos XVI ate XIX, e pelos boiadeiros que atravessavam os ribeirões ou córregos afluentes do Rio Pinheiros, como o da Traição (Avenida Bandeirantes), o Uberabinha-Fiandeiras (Avenida Helio Pelegrino), o do Sapateiro (Avenida Pres. Juscelino Kubitschek), o Iguatemi (Avenida Nove de Julho/Cidade Jardim) e o córrego Verde, (Jardins - entre o Clube Pinheiros e o Shopping Iguatemi) também com seu leito totalmente canalizado. Esse caminho dos tropeiros, - posteriormente a estrada das boiadas -, no Itaim Bibi forma a atual Rua Clodomiro Amazonas (ex Rua da Ponte), atravessando a Rua Joaquim Floriano.

Passava em frente a uma gleba que iniciava na atual Avenida Horacio Lafer a qual serviu desde aldeia indígena, posto de observação e defesa (séc. XVI), parada de aventureiros, descanso dos bandeirantes, para plantação, estocagem e local de escoamento do chá, produto agrícola de grande valor, (no séc. XIX), tendo certa importante pela sua proximidade do Rio Pinheiros. Também passava pela entrada da sede da Casa Grande da família Couto de Magalhães, (nos sécs. XIX-XX), posteriormente o portão do abrigo temporário de freiras e dos novos moradores da região, com a edificação transformada em sanatório para doentes mentais - o Sanatório Bela Vista -, local este que se denominou chamar de Casa Bandeirista do Itaim, atualmente no primeiro quarteirão da Rua Iguatemi. A atual Rua Clodomiro Amazonas prosseguia se juntando em uma curva com o caminho para Pinheiros, (Rua Iguatemi), não existindo a nominação da parte atual de Rua Tabapuã.

No dia 22 de maio de 1929, a Câmara Municipal aprova um projeto que deu origem à Lei 3.488 de 23/05/1930, (*) autorizando o prefeito de São Paulo a oficializar várias ruas e travessas abertas no bairro do Itaim, antiga “Chácara Itaim”, propriedade do Dr. Leopoldo Couto de Magalhães, dentre elas a Rua Iguatemi e o trecho da Rua Tabapuã. (*) Naquela época a Rua Tabapuã começava no inicio da “Rua da Ponte” (atual Clodomiro Amazonas) e terminava na Rua Iguatemi. Novamente oficializada em 1947 (dec. 1001) a Rua Tabapuã estende a sua denominação`a outros trechos assim discriminados: “1º trecho entre o Rio Pinheiros e a Rua Iguatemi; 2º trecho entre a Rua da Ponte até a divisa com a Vila Primavera (esta divisa é a atual Avenida São Gabriel)”.

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